quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

LIVRO RASTRO DE SANGUE(IGREJA BATISTA)

Imprimir Página


CAPÍTULO I
 "Lembra-te dos dias da antigüidade, atenta para os anos de muitas gerações: pergunta a teu pai e ele te informa, aos teus anciãos e eles to dirão."- Dt. 32:7.
1. O que conhecemos hoje como "Cristianismo" ou religião cristã começou com Cristo entre os anos 25 e 30 da nossa era, dentro dos limites do Império Romano. Este foi um dos maiores impérios que o mundo tem conhecido em toda a sua história.
2. Império Romano abrangia quase a totalidade do mundo conhecido e habitado. Tibério César era o seu imperador.
3. Quanto à religião o Império Romano era pagão. Tinha uma religião politeísta, isto é, de muitos deuses. Alguns eram deuses materializados e outros deuses imaginários. Havia muitos devotos e adoradores desses deuses. Não era simplesmente uma religião do povo, mas também do Império. Era uma religião oficial. Estabelecida por lei e protegida pelo governo. (Mosheim Sancionada, vol. 1, cap. 1).
4. O povo judeu deste período não constituía propriamente uma nação separada, uma vez que se encontravam judeus espalhados através de todo o Império. Eles tinham ainda o seu templo em Jerusalém e ali vinham adorar a Deus; estavam, pois, ciosos da sua religião. Mas, semelhantemente aos pagãos encheram-se de formalismo e perderam seu poder. (Mosheim, col. 1, cap. 2).
5. Não sendo a religião de Cristo uma religião deste mundo, não lhe deu o seu fundador um chefe terreno nem qualquer poderio temporal. Sua Igreja não procurou secularizar-se, nem qualquer, apoio de qualquer governo. Ela não procurou destronar a César. Disse Jesus: "Dai pois a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" (Mt.22:19-22; Mc.12:17; Lc. 20:20). Sendo uma religião espiritual, não visava rivalizar-se com os governos terrenos. Seus aderentes, ao contrário, eram ensinados a respeitar todas as leis civis, como também os governos. (Rm.13:1-7, Tt. 3:1, 1Pe.2:13-16).
6. Desejamos agora chamar sua atenção para alguns dos característicos ou sinais desta religião - a religião cristã. O leitor e eu vamos traçar uma linha através destes 20 longos séculos, e com especialidade, através dos 1.200 anos de trevas da meia-noite, escurecidos pelos rios e mares do sangue mártir, razão porque necessitamos compreender bem estes característicos. Eles serão muitas vezes terrivelmente desfigurados. Não obstante haverá sempre algum característico indelével. Mas ainda nos deixarão de sobreaviso, cuidadosos e suplicantes. Encontraremos muita hipocrisia como também muita farsa. É possível que até escolhidos sejam enganados e traídos. Desejamos se for possível, traçar através da história verossímil, mas principalmente através da história verdadeira e infalível, palavras e característicos da verdade divina.

ALGUNS CARACTERÍSTICOS CERTOS E INFALÍVEIS

Se atravessando os séculos encontramos um grupo ou grupos de pessoas fugindo à observância destes característicos distintivos e enunciando outras coisas além das doutrinas fundamentais, tomemos cuidado.
  1. Cristo, o autor da religião cristã, reuniu seus seguidores numa organização, a que chamou "Igreja". E aos discípulos competia organizar outras igrejas como também "fazer" outros discípulos. (Baptist. Successions - Ray - Revised Edition, 1o cap.).
  2. Nesta organização, ou Igreja, de acordo com as Escrituras e com a prática dos apóstolos, desde cedo foram criadas duas classes de oficiais e somente duas: pastores e diáconos. O pastor era também chamado "bispo". Ambos eram escolhidos pela Igreja, e para servirem à Igreja.
  3. As Igrejas no seu governo e disciplina eram inteiramente separadas e independentes entre si. Jerusalém não tinha autoridade sobre Antioquia; nem Antioquia sobre Éfeso; nem Éfeso sobre Corinto e assim por diante. Seu governo era democrático. Um governo do povo, pelo povo, e para o povo.
  4. À Igreja foram dadas duas ordenanças, e somente duas, o Batismo e a Ceia do Senhor. São memoriais e perpétuas.
  5. Somente os "Salvos" eram recebidos para membros das Igrejas. (At. 2:47). Eram salvos unicamente pela graça, sem qualquer obra da lei (Ef. 2:5, 8, 9). Os salvos, e eles somente, deviam ser imersos em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mt. 28:19). E unicamente os que eram recebidos e batizados participavam da Ceia do Senhor, sendo esta celebrada somente pela Igreja e na capacidade de Igreja.
  6. Somente as Escrituras Sagradas e, em realidade, o Novo Testamento são a única regra de fé e de vida, não somente para a Igreja como organização, mas também para cada crente como indivíduo.
  7. Cristo Jesus, O fundador da igreja e O salvador de seus componentes, é o seu único Sacerdote e Rei, seu Senhor e Legislador e único Cabeça das igrejas. Estas executavam simplesmente a vontade do seu Senhor expressa em suas leis completas, nunca legislavam ou emendavam ou abrigavam velhas leis ou formulavam novas.
  8. A religião de Cristo era individual, pessoal e puramente voluntária ou persuasiva. Sem nenhuma compulsão física ou governamental. Uma matéria de exame individual e de escolha pessoal. "Escolhei" é a ordem das Escrituras. Ninguém seria aceito ou rejeitado para viver como crente, por procuração ou compulsão de outrem.
  9. Note bem! Nem Cristo nem os seus apóstolos deram em qualquer tempo aos seus seguidores designações como "Católico", "Luterano", "Presbiteriano", "Episcopal", etc. (A não ser o nome dado por Cristo a João, que passou a ser chamado "O Batista", João Batista". (Mt. 11:11 e 10 ou 12). Outras vezes, Cristo chamou "discípulo" ao indivíduo que o seguia. Dois ou mais seguidores eram chamados "discípulos". A assembléia de discípulos, quer em Jerusalém ou Antioquia ou outra qualquer parte era chamada "Igreja".
  10. Se eles fossem se referir a mais de uma desses organizações autônomas, as nomeariam como "Igrejas". A palavra "igreja", no singular, nunca foi usada para designar mais de uma destas organizações. Nunca igualmente serviu para designar a totalidade delas.
  11. Arrisco em dar mais um característico distintivo. chamá-lo-ei - completa separação entre a Igreja e o Estado. Não combinação, não mistura da religião com o governo secular. E adiciono a isto a completa liberdade religiosa para todos.

E agora, antes de prosseguir com a história religiosa propriamente, deixai-me dizer alguma coisa sobre o MAPA.
Creio que se o leitor estudar cuidadosamente o mapa colocado no apêndice deste livro, compreenderá melhor a História e ajudará a sua memória em reter aquilo que ouvir e ler.
Lembre-se que esse mapa pressupõe cobrar um período de 2.000 anos de história religiosa.
Observe agora em cima e em baixo do mapa as indicações - 100, 200, 300, até 2.000. Elas representam os 20 séculos, sendo que cada século aparece separado pelas linhas verticais. Observe-o agora, quase em baixo. Há uma linha reta que corre da esquerda para a direita ao longo de todo o mapa.
As linhas longitudinais guardam mais ou menos as mesmas distancias das linhas verticais. Mas o leitor não pode vê-las em todo o percurso. Elas estão cobertas por muitos pontos pretos, os quais representam a época que é conhecida como "A Idade das Trevas". (Idade média). Serão explicadas depois.
Entre as duas linhas inferiores estão os nomes dos países: Itália, Inglaterra, Espanha, França, etc., terminado com a América do Norte. Estes são os nomes dos países onde grande parte da história se desenrolou, sendo que os fatos aparecem ligados aos nomes dos países onde se deram. Certamente que nem toda a história se deu nesses países, mas alguns de seus fatos neles ocorreram, dentro de determinados períodos. Alguns fatos notáveis da História se deram nesses países naquelas épocas especiais.
Agora, observe outra vez quase em baixo do mapa, outras linhas ou pouco mais elevadas. Compreendem também um pouco da "Idade das Trevas" e estão cheias de nomes, mas desta vez não são nomes de países. Elas contêm todas as alcunhas ou nomes que lhes foram dados por seus inimigos. Cristãos - este é o primeiro: "E em Antioquia foram os discípulos pela primeira vez chamados cristãos". (At. 11:26). Isto ocorreu no ano 43 A. D. mais ou menos. Qualquer judeu ou pagão usava este nome contra os cristãos como um meio de escarnecê-los. Todos os demais nomes desta coluna foram dados de igual maneira: Novatistas, Montanistas, Donatistas, Paulicianos, Albingenses, Waldenses, etc. e Anabatistas. Todos estes apareceram depois e serão apresentados com o correr do estudo. Mas, olhe novamente o mapa. Veja os círculos vermelhos. Eles estão espalhados em todo ele. Representam igrejas. Somente igrejas locais, na Ásia, na África, na Europa, nas montanhas e nos vales e assim por diante. Visto que o vermelho representa o sangue, elas representam o sangue dos mártires. Cristo, seu fundador morreu na cruz. Todos os outros, senão dois, João e Judas, sofreram o martírio. Judas traiu o seu Senhor e suicidou-se. João, segundo a tradição, foi lançado em um grande caldeirão de óleo quente.
Poderia notar agora alguns círculos que estão salpicados de preto. Eles representam igrejas também. Mas igrejas desviadas. Igrejas que se tomaram erradas na vida e na doutrina. Houve certo número destas mesmo antes da morte de Pedro, Paulo e João.
Tendo terminado a introdução geral e dado algumas preliminares essenciais passemos à história regular.

Nenhum comentário:

Postar um comentário