Boletim diário da ONU Brasil: “UNESCO defende capacitação de professores para lidar com estudantes refugiados vítimas de trauma” e 3 outros.
ONU Brasil Cancelar inscrição
|
|
sáb, 22 de jun 18:10 (há 20 horas)
| |
|
|
| |
Posted: 22 Jun 2019 09:26 AM PDT
Em Idlib, na Síria, uma tenda num acampamento improvisado foi transformada em sala de aula para crianças deslocadas pela guerra. Foto: UNICEF/Watad
No Dia Mundial do Refugiado, 20 de junho, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura ( UNESCO) pediu mais investimentos na capacitação de professores que se empenham para levar educação a refugiados, mas enfrentam dificuldades para lidar com o trauma e a angústia vividos por seus estudantes devido à sua história de migração forçada.
“Professores não são nem devem ser vistos como especialistas em saúde mental, mas eles podem ser uma fonte crucial de apoio para crianças que sofrem com trauma, se eles receberem o treinamento certo”, afirma Manos Antoninis, diretor da relatoria da UNESCO Monitoramento Global da Educação.
Por ocasião da data internacional, a instituição divulgou um estudo em que recomenda a capacitação de docentes em apoio psicossocial, com o intuito de auxiliar meninos e meninas vítimas de deslocamento forçado. A pesquisa aponta para números dramáticos envolvendo a busca por refúgio e desafios de saúde mental:
- Na Noruega, um terço das 160 crianças solicitantes de refúgio e desacompanhadas — vindas do Afeganistão, Irã e Somália — sofriam de estresse pós-traumático;
- Na Alemanha, 20% das crianças refugiadas sofrem de transtorno de estresse pós-traumático. Os menores desacompanhados são particularmente vulneráveis a esse problema;
- Na Bélgica, das 166 crianças e adolescentes refugiados desacompanhados, de 37 a 47% tiveram sintomas severos de ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático.
Muitas dessas crianças tiveram experiências dolorosas antes de deixar suas casas, durante sua jornada ou enquanto se estabeleciam numa nova comunidade ou país. Essas vivências traumáticas se manifestam sob a forma de estresse tóxico e de consequências negativas que afetam a capacidade de aprendizado desses jovens.
“Os conflitos e o deslocamento não vão acabar”, afirma Antoninis. “Eles demandam mudanças consideráveis nas práticas de ensino, (mudanças) que os países devem incluir em seus planos.”
O relatório ressalta que a prevalência do trauma também é alta entre os deslocados que vivem em países de baixa e média renda. De acordo com o levantamento, 75% das 331 crianças internamente deslocadas nos campos do sul de Darfur, no Sudão, preenchiam os critérios de diagnóstico para o transtorno de estresse pós-traumático. Além disso, 38% tinham depressão.
Na ausência de centros de saúde, as escolas desempenham frequentemente um papel fundamental na restauração de um senso de estabilidade na vida das crianças e adolescentes. Mas para isso, os professores precisam entender como ajudar os alunos.
Embora ONGs, como o Comitê Internacional de Resgate, estejam treinando professores, o seu alcance é insuficiente.
Na Alemanha, a maioria dos professores e profissionais de creches afirma não se sentir adequadamente preparada para lidar com as necessidades de crianças refugiadas. Na Holanda, 20% dos professores com mais de 18 anos de experiência em educação relataram um alto nível de dificuldade para lidar com estudantes traumatizados.
Uma avaliação sobre o cuidado na primeira infância e sobre as instalações de educação para refugiados na Europa e na América do Norte revelou que, embora muitos programas reconheçam a importância de oferecer uma assistência orientada para lidar com trauma, a falta de recursos e de treinamento para isso é quase universal.
“Direcionar as abordagens dos professores para essas crianças, ajudá-las a construir confiança e autoexpressão por meio de atividades de interpretação e discussões de grupo pode lhes dar uma (espécie de) corda salva-vidas”, completa Antoninis.
Entre as principais recomendações do estudo da UNESCO, estão:
- Ambientes de aprendizagem precisam ser seguros, estimulantes e sensíveis às dificuldades e ao desenvolvimento dos jovens;
- Professores que trabalham com refugiados e migrantes que sofreram trauma precisam de treinamento para lidar com os desafios de sala de aula;
- Intervenções psicossociais exigem cooperação entre os serviços de educação, saúde e proteção social;
- Intervenções de aprendizagem social e emocional precisam ter uma sensibilidade cultural, ser adaptadas ao contexto e incluir também atividades extracurriculares;
- O envolvimento da comunidade e dos responsáveis não deve ser negligenciado.
|
Posted: 21 Jun 2019 03:15 PM PDT
María Luisa e sua família durante uma visita de oficiais da OIM antes da viagem para Goiânia. Foto: OIM/Fábio Fonseca
A Organização Internacional para as Migrações ( OIM) — por meio do programa de interiorização do governo federal brasileiro — promoveu em junho duas realocações de famílias venezuelanas que vieram para o Brasil e precisavam de assistência médica especializada. Os refugiados e migrantes viviam em Roraima, mas necessitavam de serviços que não estavam disponíveis no estado do Norte do país. Entre os transferidos, estava Yosmary, que precisava de tratamento para um tumor no cérebro.
Em 3 de junho, Yosmary, de 32 anos, viajou com a sua família para Tubarão, em Santa Catarina. Com o marido e seus três filhos, ela morava num dos abrigos para venezuelanos na capital roraimense, Boa Vista.
“Desde a descoberta da doença dela, tivemos momentos desafiadores. Minhas crianças e eu ainda vivíamos no abrigo, e minha esposa estava hospitalizada sem (receber) tratamento”, lembra Ali, o marido de Yosmary.
O tumor exigia a prestação imediata de assistência médica. Devido à dificuldade em ter acesso ao tratamento em Roraima, as Forças Armadas brasileiras e organizações da sociedade civil procuraram um hospital em Tubarão, onde a venezuelana poderia receber os cuidados necessários.
A OIM ofereceu as passagens de avião para que a família pudesse viajar para a cidade catarinense. Um profissional da agência da ONU acompanhou os venezuelanos de Boa Vista até o abrigo onde eles foram recebidos em Tubarão. Uma ONG também estava esperando por Yosmary e seus parentes durante a chegada à Santa Catarina. A instituição vai oferecer acomodações para a família.
Também neste mês, María Luisa, de 56 anos, conseguiu ser transferida de Roraima para Goiânia, onde pôde receber a assistência médica adequada ao acompanhamento clínico da sua deficiência. Ela chegou ao Brasil em abril de 2019, com a irmã e o sobrinho. Originária de Cunamá, no estado venezuelano de Sucre, a família deixou tudo para trás em busca de melhores serviços de saúde. Mas em Roraima, o acesso ao atendimento era difícil.
“Viemos para o Brasil com a intenção de viajar para Goiânia, pois temos família lá”, conta a irmã de María Luisa, Rosalinda.
“Acreditávamos que ela poderia continuar o tratamento, mas não tínhamos dinheiro suficiente para continuar a viagem. Agora, graças à interiorização e ao tratamento médico, tenho certeza de que Maria estará em melhores condições”, acrescenta Rosalinda, que é também guardiã legal de María Luisa.
O apoio oferecido pela OIM nos dois casos foi possível por meio do programa de interiorização, a estratégia do governo federal para transferir venezuelanos de Roraima para outros estados brasileiros. Até o final de maio de 2019, mais de 8 mil pessoas haviam sido interiorizadas e recebidas em outros 17 estados. O projeto começou a ser implementado em abril do ano passado.
O programa de interiorização tem o apoio da OIM, da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), da ONU Mulheres, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e de organizações da sociedade civil. As atividades da OIM contam com o apoio financeiro do Escritório de População, Refugiados e Migração do Departamento de Estado dos EUA.
Em Tubarão, Yosmary está recebendo a atenção médica apropriada enquanto aguarda a cirurgia. O marido da venezuelana espera conseguir um emprego logo, para se estabelecer e começar uma nova vida na cidade catarinense.
“No processo de interiorização, as pessoas com deficiências ou doenças sérias têm prioridade na lista de espera. A lista de prioridades também inclui outras situações, como pessoas vivendo em situação de rua e pessoas que precisam viajar para dar apoio a um membro da família com deficiência ou com doença terminal na cidade de destino”, explica a coordenadora de projetos da OIM no Brasil, Yssyssay Rodrigues.
Para mais informações, entre em contato com Vitoria Souza, do escritório da OIM em Brasília: + 55 61 3771 3772/ vsouza@iom.int
|
Posted: 21 Jun 2019 02:33 PM PDT
1. Em 2018, existiam 25,9 milhões de pessoas refugiadas, isto é, pessoas que tiveram de deixar seu país de origem, em busca de proteção numa outra nação.
Crianças rohingya de Mianmar aguardam distribuição de assistência humanitária em Cox’s Bazar, em Bangladesh. Foto: UNICEF/Patrick Brown
2. Metade dos refugiados são crianças, sendo que milhares delas estão separadas de suas famílias ou desacompanhadas.
Crianças refugiadas na Grécia. Foto: UNICEF/Tomislav Georgiev
3. Em 2018, Uganda notificou que acolhe 2,8 mil crianças refugiadas com cinco anos de idade ou menos que estão sozinhas ou separadas de suas famílias.
De acordo com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), mais de 1 milhão de crianças fugiram do conflito no Sudão do Sul. Cerca de 160 mil crianças refugiadas estão no campo de refugiados de Bidibidi, no norte de Uganda. Foto: ACNUR
4. A população refugiada está concentrada em áreas urbanas, que abrigam 61% dos refugiados do mundo.
Refugiados sírios, como Kamala (ao centro), ajudaram a cidade alemã de Golzow a manter a escola aberta. Foto: ACNUR/Gordon Welters
5. Os países em desenvolvimento acolhem um terço de todos os refugiados do mundo. Em média, países ricos acolhem 2,7 refugiados por cada mil habitantes, enquanto países de renda baixa e média acolhem 5,8 pessoas nessa mesma proporção.
Refugiada rohingya de Mianmar senta-se ao lado de dois de seus quatro filhos em abrigo no campo de Nayapara, sudeste de Bangladesh. Foto: ACNUR/Chris Melzer
6. Cerca de 80% dos refugiados vivem em países vizinhos às suas nações de origem.
No Líbano, Mahmoud mora em uma tenda com sua esposa e cinco filhos. Todo mês, a família recebe do ACNUR uma assistência em dinheiro. Foto: ACNUR/Martin Dudek
7. A cada cinco pessoas refugiadas, quatro estão numa situação prolongada de refúgio — há pelo menos cinco anos. Um em cada cinco são refugiados há 20 anos ou mais.
Khazneh Said, conhecida como Um Qasem, vista no acampamento de Khan Dunoun, na zona rural de Damasco, na Síria. A refugiada abandonou seu vilarejo na Palestina há mais de 70 anos. Foto: UNRWA/Taghrid Mohmmad
8. O maior número de novas solicitações de refúgio em 2018 foi feito por venezuelanos — foram 341,8 mil solicitações.
Venezuelanos cruzam o rio Táchira em busca de alimentos e outras formas de assistência na Colômbia. Foto: ACNUR/Vincent Tremeau
|
Posted: 21 Jun 2019 01:54 PM PDT
A chef de cozinha Paola Carosella participa de filmagem gastronômica com a refugiada síria Salsabil Matouk. Foto: ACNUR/Victor Moriyama
A chef argentina Paola Carosella, radicada no Brasil, e o Tasty Demais, canal online de vídeos gastronômicos do site BuzzFedd, convidaram a refugiada síria Salsabil Matouk para ensinar os internautas a preparar um miniquibe recheado. A iniciativa foi promovida pela Agência da ONU para Refugiados ( ACNUR) para celebrar o Dia Mundial do Refugiado, lembrado em 20 de junho.
Além de explicar como cozinhar esse quitute típico do seu país de origem, Salsabil conta sua história e os desafios que enfrentou antes e depois de chegar ao Brasil.
A proposta do vídeo é não apenas ampliar os conhecimentos culinários dos internautas, mas conscientizar quem assiste sobre a luta diária dos 70,8 milhões de pessoas no mundo que se viram forçadas a deixar suas casas por causa de conflitos armados, violência e perseguições. Desse contingente, 25,9 milhões tiveram de abandonar seus países de origem, como Salsabil, e tornaram-se refugiadas.
Confira abaixo o vídeo do Tasty Demais com Paola Carosella e Salsabil Matouk:
|
|
|
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário