Com intermédio do papa Francisco, Estados Unidos e Cuba reatam relações diplomáticas
Publicado por Tiago Chagas em 18 de dezembro de 2014
Tags: Cuba, guerra fria, Nelson Mandela, papa Francisco, Presidente Barack Obama, Raul Castro
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O rompimento das relações entre os dois governos aconteceu em 1961, quando os Estados Unidos fechou sua Embaixada em Cuba como reação à aproximação do país da União Soviética e à ascensão do governo comunista na ilha.
Posteriormente, os Estados Unidos declararam embargo econômico a Cuba, impondo ao país um isolamento significativo. “Não é só uma frase de efeito, mas a Guerra Fria acabou hoje [ontem] às 15h01″, afirmou o jornalista Fernando Morais, autor do livro “A Ilha”, em entrevista à Folha de S. Paulo.
O momento histórico para o continente americano foi anunciado com menções enfáticas ao pontífice católico. “Quero agradecer particularmente à Sua Santidade, o papa Francisco, por demonstrar com seu exemplo moral, a importância de se lutar por um mundo como ele deveria ser, não como ele é”, disse Obama.
O presidente cubano, Raul Castro, também mencionou o intermédio feito pelo líder católico, agradecendo “as gestões do Vaticano, especialmente do papa Francisco”.
Com a volta do diálogo, a reabertura da Embaixada norte-americana em Havana e a permissão da retomada do turismo na ilha, é possível que a economia de Cuba dê um salto de crescimento significativo por conta do turismo. O embargo econômico não chega ao fim automaticamente pois existem leis nos Estados Unidos que impedem as relações comerciais entre os dois países.
“Por causa da curta distância entre os países, o turismo ficará ainda mais fácil. Com esses 6 milhões a mais de americanos, estima-se um aumento na economia de US$ 15 bilhões, cifra que representa 25% do PIB de Cuba […] O anúncio foi inesperado. Finalmente Obama fez jus ao prêmio Nobel que ganhou. O reatamento das relações vai produzir uma mudança imediata na economia cubana. A viagem de avião entre Miami e Havana leva 18 minutos. Certamente eles vão colocar ferryboat para as pessoas irem de carro. É uma revolução. É importante”, comentou Fernando Morais.
Com o anúncio da retomada do diálogo entre os dois países, o papa Francisco manifestou “viva satisfação” com a atitude das autoridades de Estados Unidos e Cuba em buscar medidas que tenham como “objetivo superar, em nome do interesse de seus respectivos cidadãos, as dificuldades que marcaram suas histórias recentes”.
A aproximação entre Obama e Castro teve seu primeiro registro público há um ano, durante o funeral de Nelson Mandela, na África do Sul, quando os dois presidentes se encontraram e se cumprimentaram cordialmente, marcando o primeiro contato entre os mandatários de Estados Unidos e Cuba após 52 anos.
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