MENONITAS - QUEM SÃO?
INTRODUÇÃO
Ao nos identificarmos como cristãos Menonitas, geralmente nos perguntam: o que significa este nome? É uma seita? Assim, e sem constrangimentos, temos um motivo extra para iniciarmos um bom diálogo e falarmos de nossas crenças, histórias e objetos como cristãos.
Um pouco da história
A igreja de Cristo foi iniciada a partir da vida, morte, ressurreição e ascensão de Cristo, como relatado no Novo testamento, em especial nos Evangelhos e em atos dos apóstolos. Desenvolveu-se a partir do ministério do Espírito Santo, que usou para isso pessoas como apóstolos e discípulos de Cristo, especialmente Pedro e Paulo.
Com o passar do tempo, essa igreja primitiva foi se desviando da visão e práticas iniciais, envolvidas em doutrinas e práticas erradas. Vários cristãos verdadeiros surgiram, em cada fase da história da igreja, tentando alertar contra este engano, mas só a partir dos reformadores, e especialmente com Lutero no início século XVI, iniciou-se o retorno á visão da igreja original.
A reforma colocou novamente em pauta: a Bíblia como autoridade máxima em matéria de fé e prática, a justificação pela fé e o sacerdócio de todos os crentes. Os primeiros organizadores da igreja MENONITA, Conrad Grabel da Suíça e Menon Simons na Holanda, frisaram a verdade e o Espírito santo como características fundamentais da igreja baseados no Novo testamento.
Da reforma do século XVI, desenvolveram-se quatro grandes ramos da igreja: igreja da Inglaterra, os Luteranos da Alemanha, os reformadores da Suíça, França, Holanda e Escócia (Presbiteriana) e os Anabatistas (de onde vieram os Menonitas).
Os Anabatistas firmaram o compromisso e a visão de obterem reformas mais radicais, buscando na igreja apostólica os seus padrões e rejeitando, inteiramente o corpo de tradição eclesiástica, todo o sistema da igreja oficial unida com o Estado e batismo ministrado ás crianças.
O ANABATISMO
O estímulo inicial ao anabatismo foi do reformador radical Zwinglio, em Zurique-Suíça, no período de 1519 a 1523. Conrad Grabel e seus amigos queriam desenvolver o programa original de Zwinglio, estabelecendo congregações livres com discípulos dedicados, batizados após uma confissão de fé em Jesus Cristo e que seguiam a nova vida.
Assim , em janeiro de 1525, Conrad Grabel iniciou o batismo dos crentes (Anabatistas), estabelecendo o que hoje chamamos de Igreja Menonita.
O termo Menonita originou-se de Menno Simons, ex padre católico que foi convertido e se uniu ao grupo anabatista holandês em 1536. Durante vinte e cinco anos pastoreou as igrejas espalhadas pela Alemanha e Holanda, orientando sabiamente o movimento.
Perseguição
A partir de 1525 com o crescimento concentrado das igrejas Anabatistas na Suíça, sul e noroeste da Alemanha, Holanda e leste da Áustria, foram perseguidos, de modo terrível, pela igreja romana, e até os Luteranos e Zwinglianos, especialmente pela recusa de batizarem as crianças e oposições ás igrejas ao Estado.
Foram torturados, queimados, afogados e mortos á espada, sendo que houve praticamente o extermínio da humanidade, com sobrevivência de pequenos grupos espalhados pela Suíça, Alemanha e Holanda.
Influências
Em 1611, ingleses influenciados pelo ponto de vista Menonita, fundaram a primeira igreja batista ou (Anabatista) da Inglaterra, sendo que destes procederam aos demais Batistas que fundaram muitas igrejas no mundo da Língua inglesa. Da raiz Anabatista surgiram vários grupos, tais como, os Congressionais, Quakers, Heteristas e Amish.
Em busca de completa liberdade religiosa, milhares de Menonitas de origem Suíça, Holandesa e Russa, migraram, nos séculos XVIII e XIV, para a América do Norte
.
OS MENONITAS HOJE
Há igrejas Menonitas nos seis continentes: África, America do Norte e do Sul, Ásia, Austrália e Europa, resultado da imigração e expansão missionária, embora haja uma grande concentração na América do Norte.
Há congregações espalhadas por mais de 80 países, e um número estimado superior a um milhão de cristãos Menonitas em todo o mundo.
No Brasil, existem basicamente três grupos Menonitas:
- Igreja de Deus em Cristo, Menonita estabelecida em Rio Verde/ GO.
- Associação das igrejas (Evangélicos Irmãos) Menonitas do Brasil, estabelecidos na região sul e São Paulo, formado basicamente por famílias de origem alemão-russa, refugiados no Brasil de 1930 (e de brasileiros e descendentes convertidos).
- Aliança Evangélica Menonita, fruto de trabalhos missionários de Menonitas da América do Norte (MBM/COM ) e conta com igrejas nos estados do Pará, Tocantins, Goiás, Pernambuco, São Paulo e Paraná.
ALGUMAS CRENÇAS BÁSICAS
Para os Menonitas, a verdade cristã é eterna e imutável. Aceitam toda a Bíblia como sendo a inspirada palavra de Deus, inerrante em seus conselhos e autorizada em seus mandamentos (II Tm 3:16). O Novo Testamento é decisivo em sua autoridade sobre o Velho testamento (Hb 8:6) e a figura de Jesus Cristo, o Verbo que se fez carne é o critério para toda interpretação bíblica.
Para os Menonitas, a congregação é considerada como lugar onde a Bíblia pode explicar-se melhor. A mensagem da igreja deve ser, portanto, a Palavra do Senhor sem adição ou subtração, e seus princípios contextualizados e aplicados á vida do presente século. Quando os irmãos se reúnem para estudo e adoração em busca de soluções de seus problemas, o Espírito Santo fala claramente á sua vida de forma viva, pessoal e atual.
Como parte da família das denominações cristãs, os Menonitas dão testemunho da sua fé realçando alguns princípios, os quais acreditam ser de vital importância para a vida da igreja. Embora hoje sejam comuns á maioria das denominações, estes pontos devem ser realçados, pois nos motiva e alerta a uma vida cristã onde a fé viva nos leva a sermos relevantes como igreja, especialmente no atual momento, onde várias igrejas levam as pessoas a uma fé não-operante (Tg 2 : 14-26)
Testemunha sem Reservas
O batismo cristão é testemunho da entrega pessoal e sem reserva ao domínio e senhorio de Jesus Cristo. É o símbolo da fé e arrependimento do pecado, da morte para a velha vida escrava do pecado, e da ressurreição espiritual para uma nova vida em Cristo.
Esta vida é um compromisso e atitude na presença de Deus, de seguir e divulgar as boas novas de Cristo, segundo a ética do Reino de Deus.
A igreja Menonita batiza somente discípulos adultos e responsáveis, após a confissão de fé no Senhor Jesus. A salvação de crianças, como de todos depende de algo mais significativo do que a aplicação da água no corpo; as crianças são salvas em seus primeiros anos, antes de atingirem a idade da sua justificação pessoal, pela obra universal do sacrifício de Cristo (Mt 10:14). Ele morreu para trazer vida á humanidade da mesma maneira que Adão, com seu pecado trouxe a morte á raça humana (Rm 5).
Santidade e Fraternidade
Pelo fato da igreja ser formada por irmãos e irmãs no Senhor, seria impróprio a formação de qualquer facção, que possua certas informações ou planos secretos. Os Menonitas, portanto, se opõem a todos os juramentos restritos de fraternidade e sociedades secretas, ex: Maçonaria e Rosa Cruzes.
Desenvolvem uma vida com um relacionamento vertical, ou seja, em relação a Deus, com pouca ou nenhuma direção do grupo praticam uma preocupação horizontal, ou seja, com o próximo, e aceita como membros aqueles que compartilham sua fé e aceita sua disciplina. A fraternidade da igreja busca a santidade e fé pessoal com um bom testemunho de fé viva (Tg 1:22 ) no exercício das responsabilidades da vida cristã (Mt 7:21).
Como fraternidade, enfatiza a verdade do sacerdócio universal dos santos e não faz distinção baseada em qualquer fato terreno (riquezas, cultura, ordenação) (Gl 3:26-28). Conseqüentemente, os ministros são considerados mestres da palavra de Deus e todos são considerados irmãos e irmãs no Senhor (1ª Co 12:12-27)
A Comunidade Voluntária
A igreja do Novo Testamento é uma comunidade voluntária, composta de pessoas que, por decisão própria, renunciam todo o procedimento do mal e rendem suas vidas em obediência ao domínio e senhorio de Jesus Cristo. A vida comum na igreja consiste na adoração e no viver de seus ensinamentos. E a ética do amor de Jesus rege as relações fraternais.
Para ingressar na igreja é necessário nascer de novo no espírito; o seu controle é através da Palavra de Deus, o seu chefe é Jesus Cristo e a sua função é evangelizar o mundo (II Pe 3:2, Cl 1:8, Mt 28:19-20), devendo ser totalmente desvinculado do Estado.
DISCÍPULOS DE JESUS CRISTO
A vida do discípulo de Jesus Cristo envolve a negação de si mesmo para a causa de Cristo, devendo der caracterizada pela simplicidade de vida (Lc 9:23-24), pela santidade pessoal e obediência a Cristo (1 Pe 2:9-12).
O egoísmo, o luxo e a ostentação da riqueza devem ser negados e a riqueza que o crente possui deve ser vista como uma dádiva de Deus para ser usada em sua honra a obra de sua igreja (1 Tm 6: 17-19).
Assim, observam a verdade bíblica da igualdade, diante de Deus, do homem e da mulher, com dignidade e responsabilidade específicos. O matrimônio é sagrado e para toda a vida.
Vivem sua vida, com boas relações com todos os outros discípulos, aceitam reciprocamente a responsabilidade da pratica da disciplina e ajuda mútuas, unidos e comprometidos em seguir os ensinamentos de Jesus Cristo em amor fraternal e buscam a reconciliação nos padrões bíblicos daqueles que ofendem e pecam e têm a disciplina como prática dentro da congregação e é vista como amar um ao outro conforme o ensino de Jesus em Mt 18: 15-20.
RESUMO
Podemos resumir os princípios do anabatismo em 7 itens básicos:
- Somente as escrituras – como autoridade de fé e prática
- Pelo poder do Espírito Santo – a interpretação da Bíblia coma ajuda do Espírito Santo
- Seguindo a Cristo na vida – seguir radicalmente os ensinos de Cristo
- Amor – opor-se ativamente ao mal em amor, sem violência
- Somente crentes – adultos batizados formam a igreja, pois podem arrepender e aceitar a salvação contra a igreja estatal e ao batismo infantil
- A regra de Cristo – admoestação – a disciplina na igreja deve ser exercida segundo os padrões bíblicos, especialmente Mateus 18, visando vida e compromisso cristãos autênticos
- Nunca sozinhos – a vida cristã deve ser a de comunidade que vive física, emocional, espiritual financeiramente em auxilio mútuo.
Adaptado de um artigo de J.C Wenger e traduzido por Corina C. de Rosa em 1956 e revisado por Alin D. Yoder em 1979.
Pastores Presidentes Sílvio e Eunice Cordeiro
Coordenação
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