sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Holanda reconhece massacre de armênios como genocídio

Holanda reconhece massacre de armênios como genocídio

Resolução ameaça agravar tensões entre Haia e Ancara. Matança de armênios durante I Guerra é pomo de discórdia entre Turquia e outros países

22 FEV2018
16h55
atualizado às 17h03
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O Parlamento holandês aprovou nesta quinta-feira (22/02), por 142 votos contra três, uma resolução reconhecendo como genocídio o massacre de até 1,5 milhão de armênios em 1915 pelo Império Otomano, Estado antecessor da atual República da Turquia.
Ancara não aceita caracterização de crimes do Império Otomano em 1915 como genocídio
Ancara não aceita caracterização de crimes do Império Otomano em 1915 como genocídio
Foto: DW / Deutsche Welle
A moção, que passou com o apoio de todos os principais partidos, ameaça comprometer ainda mais as relações diplomáticas entre Haia e Ancara, dois aliados no âmbito da Otan. Estas são tensas desde que, em março de 2017, a Holanda proibiu um ministro turco de fazer campanha em seu território pelo referendo constitucional que favoreceu a presidência de Recep Tayyip Erdogan.
Uma segunda moção aprovada nesta quinta-feira pede o envio de um alto funcionário do governo holandês à cerimônia formal em memória das vítimas do massacre, em 24 de abril, na capital da Armênia, Yerevan. Em ocasiões anteriores, o embaixador representara a Holanda.
A ministra do Exterior da Holanda, Sigrid Kaag, confirmou que um representante oficial será enviado, mas ressaltou: "É um sinal de respeito pelas vítimas", e não de que Haia reconheça a matança dos armênios como genocídio. Ela afirmou que o governo não vai seguir a posição do Parlamento.
Ela insistiu, ainda, que a decisão do Parlamento nada tem que ver com as atuais tensões com Ancara. "Essa questão não deve ser politizada", afirmou.
Diversos países e instituições internacionais já aprovaram resoluções semelhantes, entre os quais a Organização das Nações Unidas, a Igreja Católica, Brasil, o Parlamento e o Conselho Europeus, assim como Alemanha, Brasil, Bulgária, França, Itália, Rússia e Venezuela.
O termo "genocídio" foi definido pela ONU em 1948 como atos cometidos com a intenção de destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso. A Turquia nega que a perseguição e matança sistemática dos armênios, no auge da Primeira Guerra Mundial, constitua tal crime.
Também a cifra de 1,5 milhão de vítimas é questionada. Na impossibilidade de uma contabilização concreta das mortes, ela se baseia no fato de que antes da Primeira Guerra cerca de 2 milhões de armênios viviam no território do Império Otomano, e em 1922 seu número não chegava a 400 mil.
Deutsche WelleA Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Morre pastor que foi conselheiro de presidentes dos EUA



Morre pastor que foi conselheiro de presidentes dos EUA

Billy Graham levou o papel de evangelista a novo nível, pregando em estádios lotados e espalhando sua influência pelo mundo






O Estado de S.Paulo
21 Fevereiro 2018 | 10h50
Atualizado 21 Fevereiro 2018 | 21h22
NOVA YORK - O reverendo Billy Graham, filho de um fazendeiro da Carolina do Norte que pregou para milhões de pessoas em eventos em estádios – que chamou de “cruzadas” –, morreu ontem em sua casa aos 99 anos. Ele se tornou o pastor de presidentes e o evangelista cristão mais conhecido dos EUA durante mais de 60 anos.
Graham enfrentou vários problemas de saúde em seus últimos anos, incluindo câncer de próstata, hidrocefalia (acúmulo de líquido no cérebro) e sintomas da doença de Parkinson.

Billy Graham morreu nesta quarta, aos 99 anos, em sua residência; ele é considerado o pastor mais ouvido da história
Billy Graham morreu nesta quarta, aos 99 anos, em sua residência; ele é considerado o pastor mais ouvido da história Foto: Monica Almeida/The New York Times
Ele espalhou sua influência em todo o país e pelo mundo por meio de uma combinação de convicção religiosa, imponente presença de palco e o uso perspicaz de rádio, televisão e avançadas tecnologias de comunicação. Uma conquista central foi incentivar os protestantes evangélicos a recuperar a influência social que chegaram a exercer.
Mas, em seus últimos anos, Graham manteve distância do movimento político evangélico rejeitando apoiar candidatos e evitando questões sensíveis, cruciais para os conservadores religiosos. “Se eu entrar em tais assuntos, eles dividirão o público em relação a um problema que não é aquele que estou promovendo”, disse ele em entrevista, em 2005. “Estou promovendo apenas o Evangelho.”
Graham levou o papel de evangelista a um novo nível, tirando-o das tendas de lona nas pequenas cidades dos EUA para os palcos de estádios lotados nas principais cidades do mundo. Ele escreveu 30 livros e foi o primeiro a usar novas tecnologias de comunicação para fins religiosos. Durante sua “cruzada global” em Porto Rico, em 1995, seus sermões foram traduzidos simultaneamente para 48 idiomas e transmitidos para 185 países via satélite.
A posição de Graham como líder religioso era incomum: ao contrário do papa ou do dalai-lama, ele não falava para uma igreja em particular (embora ele fosse da Batista do Sul dos EUA) ou para uma pessoa em particular. Às vezes, ele parecia ocupar o papel de clérigo nacional. Ele leu as Escrituras no funeral do presidente Richard Nixon, em 1994, e ofereceu orações na Catedral Nacional para as vítimas do 11 de Setembro. Graham ajudou George W. Bush a deixar de beber, antes de se tornar presidente, e recebeu Barack Obama em sua casa, na Carolina do Norte, em 2010.

The GREAT Billy Graham is dead. There was nobody like him! He will be missed by Christians and all religions. A very special man.
Seu alcance era global e ele foi recebido até mesmo por líderes como Kim Il-sung, da Coreia do Norte, que o convidou para pregar em igrejas autorizadas de Pyongyang. Quando mais jovem, Graham se tornou um modelo para aspirantes a evangelistas, levando muitos jovens a copiar seus gestos. O pastor, no entanto, não foi isento de críticas. 

Billy Graham prega para milhares de pessoas no Madison Square Garden, em Nova York, em 1957
Billy Graham prega para milhares de pessoas no Madison Square Garden, em Nova York, em 1957 Foto: Larry Morris/The New York Times
No início de sua carreira, alguns importantes líderes e teólogos protestantes o acusaram de pregar uma mensagem simplista de salvação pessoal que ignorou a complexidade de problemas sociais como o racismo e a pobreza. Mais tarde, os críticos disseram que ele mostrava ingenuidade política ao manter um relacionamento público com Nixon, mesmo algum tempo depois do escândalo de Watergate.
Em 2007, a Associação Evangélica Billy Graham, com 750 funcionários, estimou que ele havia pregado o Evangelho para mais de 215 milhões de pessoas em mais de 185 países e territórios desde o início de suas cruzadas, em Michigan, em 1947. Ele alcançou outra centena de milhões pela TV e no cinema. “Isto não é evangelismo em massa”, Graham gostava de dizer, “mas evangelismo pessoal em escala de massa”.  / NYT,  TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO