sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Boletim diário da ONU Brasil: “Memória do Holocausto deve fortalecer luta contra atuais violações de direitos, diz ONU” e 8 outros.

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Boletim diário da ONU Brasil: “Memória do Holocausto deve fortalecer luta contra atuais violações de direitos, diz ONU” e 8 outros.

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Posted: 26 Jan 2018 10:54 AM PST
Campo de Auschwitz, na Alemanha. Foto: Arquivo Federal Alemão/WikiCommons
Campo de Auschwitz, na Alemanha. Foto: Arquivo Federal Alemão/WikiCommons
Em pronunciamento para lembrar o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, observado em 27 de janeiro, o alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, defendeu que a lembrança dos horrores passados deve reforçar a luta no presente contra “as atuais negações monstruosas” de direitos. Para dirigente, mundo vê nova movimentação de líderes nacionalistas que fomentam discriminação e ódio.
“Todos os anos, honramos as vítimas da Shoah — milhões de judeus, ciganos, homossexuais e opositores políticos que foram brutalmente assassinados e outros que sobreviveram. Todos os anos, menos deles permanecem entre nós, como memórias-vivas daquele tempo, e temos de redobrar nossos esforços para lembar o horror que eles viveram e a sabedoria que eles adquiriram”, afirmou Zeid.
A data celebra o aniversário da libertação em 1945 do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, o maio centro de extermínio nazista.
O alto-comissário lembrou o depoimento de uma das sobreviventes que passou pelo local, a francesa Simone Veil, falecida no último verão. Simone disse, uma vez, que “a Shoah foi única na história da humanidade, mas o veneno do racismo, do antissemitismo, a rejeição do ‘Outro’ e o ódio não estão limitados a uma era, cultura ou povo”. “Em diferentes graus e formas, eles sempre foram ameaças diárias em todos os lugares”, acrescentava a sobrevivente.
Zeid lembrou que a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que completa 70 anos em 2018, foi concebida após duas Guerras Mundiais e depois do Holocausto. O marco foi impulsionado pela “necessidade urgente de prevenir para todo o sempre tamanho horror e destruição”. Ao ser adotada, líderes mundiais reconheceram que apenas a justiça, o respeito pela dignidade humana, igualdade e direitos poderiam assegurar uma paz duradoura.
“Mesmo hoje — talvez especialmente hoje — essas mensagens precisam ser absorvidas por um número crescente de líderes mundiais que veem os direitos humanos como restrições enfadonhas. Nacionalistas estão novamente fomentando discriminação, ódio e violência contra bodes expiatórios vulneráveis, buscando tirar vantagem de mensagens sobre supremacia étnica ou religiosa”, alertou Zeid.
“Por todo o mundo, muitas pessoas estão sofrendo atrocidades e (são vítimas de) campanhas em massa de assassinatos. O direito internacional de direitos humanos está sendo violado e fragilizado.”
O alto-comissário enfatizou que todos os indivíduos são merecedores de direitos. “E a promessa solene de respeitar os direitos das minorias e defender as liberdades fundamentais, feita por todos os Estados na assinatura da Declaração Universal, é o único caminho possível para o desenvolvimento sustentável e a paz”, acrescentou.
Na avaliação de Zeid, a Declaração “não é uma ideal filosófico passivo, mas um plano de ação prático que se torna cada vez mais urgente, se a humanidade quiser sobreviver e prosperar”.
Enfatizando a necessidade de “aprendermos com as lições do século XX”, o alto-comissário pediu aos cidadãos de todos os países onde ainda seja possível se expressar que defendam e apoiem os valores da Declaração.
 
Posted: 26 Jan 2018 09:57 AM PST

“Hoje, nós lembramos os seis milhões de homens, mulheres e crianças judeus que morreram no Holocausto. Outras inúmeras pessoas também perderam a vida quando a crueldade convulsionou o mundo.
Décadas após a Segunda Guerra Mundial, nós vemos que o antissemitismo persiste, e existe um aumento de outras formas de preconceito.
Grupos de supremacistas brancos e os neonazistas estão entre os principais promotores do ódio extremo.
E muito frequentemente, essas visões vis deslocam-se das margens para o meio da sociedade e da política.
Precisamos estar unidos contra a normalização do ódio.
Quando os valores da humanidade são abandonados, onde quer que sejam, todos nós ficamos sob risco.
Todos nós temos a responsabilidade de resistir ao racismo e à violência de formas clara e decisiva.
Através da educação e do entendimento, nós podemos construir um futuro de dignidade, de direitos humanos e uma coexistência pacífica para todos.”
Acompanhe o tema clicando aqui.

No Rio, ONU inaugura nesta segunda (29) exposição em memória às vítimas do Holocausto

O Centro de Informação das Nações Unidas no Brasil (UNIC Rio) inaugura no dia 29 de janeiro no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro, uma exposição com pôsteres em memória das vítimas do Holocausto, fruto de um concurso internacional vencido pela designer brasileira Júlia Cristofi.
O evento marca o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, lembrado em 27 de janeiro. A mostra fica em cartaz até 28 de fevereiro e tem entrada franca. Saiba todos os detalhes clicando aqui.
No Rio, ONU inaugura nesta segunda (29) exposição em memória às vítimas do Holocausto
 
Posted: 26 Jan 2018 09:55 AM PST
Migrantes pegam ônibus rumo centro de triagem em Amã, na Jordânia. Foto: OIM/Muse Mohammed
Migrantes pegam ônibus rumo centro de triagem em Amã, na Jordânia. Foto: OIM/Muse Mohammed
Investimentos em estatísticas sobre migrantes podem transformar o deslocamento humano num poderoso recurso financeiro. É o que revela um novo relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM), elaborado em parceria com o Centro McKinsey de Governo e apresentado nesta semana (24) em Davos, no Fórum Econômico Mundial. Levantamento afirma que dados mais precisos gerariam 35 bilhões de dólares em benefícios.
“Muito frequentemente, dados são vistos como o ofício abstrato de especialistas que trabalham por debaixo dos panos”, afirmou o diretor-geral da OIM, William Lacy Swing, em participação no evento. “No entanto, dados são essenciais para gerar resultados ‘na vida real’, como proteger migrantes em situações vulneráveis, preencher a escassez (de profissionais) no mercado de trabalho e aprimorar a integração, gerenciar solicitações de refúgio e aumentar fluxos de remessas.”
Uma das situações analisadas pelo relatório é a lacuna que separa migrantes qualificados vivendo na União Europeia e vagas de trabalho correspondentes às suas formações. Segundo a pesquisa, muitos migrantes no continente europeu têm competências acima do exigido por suas atuais ocupações. Reduzir esse fenômeno descrito como “sobre-qualificação” aumentaria a renda total desse grupo em 6 bilhões de euros.
Dados mais precisos também poupariam o estimado em 6 bilhões de dólares em recursos gastos por migrantes em taxas de recrutamento para empregos no exterior. As estatísticas têm ainda o potencial de elevar — em 20 bilhões de dólares — o valor das remessas que migrantes enviam para os familiares que ficaram no país de origem
Isso porque os dados permitiram refinar políticas públicas, estratégias de gestão dos expatriados e serviços utilizados pelos migrantes. Benefícios, aponta a OIM, também vão além do dinheiro.
O uso inteligente de indicadores poderia ainda dobrar a taxa de sucesso das tentativas de identificar casos de tráfico humano, além de acelerar solicitações de refúgio e promover retornos voluntários mais humanos.
Lembrando que a comunidade internacional caminha para a adoção de um novo pacto global sobre migração, que preserve os direitos humanos dos migrantes e garanta deslocamentos seguros, ordenados e regulares, Swing afirmou que “a hora de investir em dados de migração melhores é agora”.
“Apenas olhando para os exemplos que demos no relatório, veríamos uma expansão (de recursos) em 35 bilhões de dólares para as oportunidades e desafios apresentados pela migração.”
 
Posted: 26 Jan 2018 09:00 AM PST
Daniel Canabrava é um dos brasileiros que participarão do Fórum da Juventude do ECOSOC. Foto: UNODC
Daniel Canabrava é um dos brasileiros que participarão do Fórum da Juventude do ECOSOC. Foto: UNODC
Dois jovens brasileiros participarão do Fórum da Juventude do Conselho Econômico e Social da ONU (ECOSOC), que será realizado em Nova Iorque nos dias 30 e 31 de janeiro. Lorenna Vilas Boas, de Salvador (BA), e Daniel Canabrava, do Gama (DF), são ex-alunos do Programa Embaixadores da Juventude, uma iniciativa do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). A dupla vai liderar uma atividade sobre mobilidade urbana na América Latina.
A equipe do UNODC no Brasil coordenará um dos painéis que ocorrem paralelamente ao Fórum da Juventude. Roda de debates, liderada por Lorenna e Daniel e mediada pelo UNODC, abordará desafios de mobilidade urbana enfrentados pelos jovens da América Latina. É a primeira vez em que um escritório brasileiro de organismo da ONU coordena uma das atividades realizadas no âmbito do Fórum.
O painel ocorrerá no dia 31 de janeiro, às 16h15 (horário de Brasília) e será transmitido ao vivo na internet pela página de transmissão das Nações Unidas. Para acompanhar, clique aqui.
Neste ano, o tema do Fórum do ECOSOC é o papel da juventude na construção de cidades e áreas rurais sustentáveis e resilientes. Resiliência é a capacidade de comunidades de se adaptar e crescer, mesmo diante de desastres naturais e problemas como sistemas de transporte ineficientes, corrupção, violência e altas taxas de desemprego. O evento é um dos mais importantes espaços de discussão do Sistema ONU de temas relacionados à juventude. Mais de 500 defensores dos direitos dos jovens são aguardados no encontro, que terá a participação também de ministros de governo e de oficiais das Nações Unidas.
Participação brasileira
Entre os jovens brasileiros que participarão do Fórum, o Grupo Interagencial de Juventude da ONU Brasil selecionou dois ex-participantes do Programa Embaixadores da Juventude, iniciativa do UNODC em parceria com o Instituto Caixa Seguradora.
Lorenna Vilas Boas, de 19 anos, é moradora do bairro de Candelas, região metropolitana de Salvador, e está engajada em projetos de tecnologia social e robótica desde a infância. A estudante de Engenharia Elétrica pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) já representou o Brasil durante a Intel International Science Fair 2017, em Los Angeles. Hoje, Lorenna representa o movimento iamtheCODE, iniciativa internacional que mobiliza ações sociais para incentivar a participação feminina nas áreas de robótica e programação.
Daniel Canabrava, de 24 anos, mestre em Engenharia Urbana pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e morador do Gama, Distrito Federal, já participou de projetos para infraestrutura urbana e ambiental e para assentamentos precários, integrando comunidades locais em planejamentos urbanos.
Lorenna Vilas Boas participará do Fórum da Juventude do ECOSOC. Foto: UNODC
Lorenna Vilas Boas participará do Fórum da Juventude do ECOSOC. Foto: UNODC
O Programa Embaixadores da Juventude foi criado em 2016 com o propósito de capacitar jovens em contextos de vulnerabilidade social na temática dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O curso já formou mais de 70 jovens em três edições. Daniel e Lorenna participaram das edições de 2017, uma em Brasília e outra em Salvador.
“Para mim, é uma honra poder reportar a voz da juventude brasileira neste Fórum, especialmente a da juventude feminina negra, que em muitas esferas ainda é sub-representada no nosso país”, afirma a baiana.
Lorenna e Daniel vão liderar o painel do UNODC, que será organizado como uma roda de debates, com jovens latino-americanos, especialistas e tomadores de decisão. O objetivo é refletir, em um espaço de discussão horizontal, sobre os desafios enfrentados pelos países da América Latina para promover sistemas de transporte urbano sustentáveis. Diálogos buscarão esclarecer como a juventude é colocada no centro deste assunto.
Para a atividade, o UNODC também conta com o apoio da organização 100 Cidades Resilientes, da Fundação Rockefeller.
Rodrigo, ponto focal de Juventude do escritório do UNODC no Brasil e mediador do debate em Nova Iorque, destaca a importância do painel. “Pela primeira vez, colocamos a juventude latino-americana em um lugar de destaque no Fórum. Este grande passo reforça o potencial de nossos jovens em assumir papel-chave na consolidação de cidades mais coerentes, seguras e eficientes para as gerações futuras.”
Esta é a terceira edição do Fórum da qual participam jovens brasileiros selecionados pelo UNODC. Em 2017, Alexandre Carvalho, de 25 anos, Fatima Moreira, de 22, e Jade dos Santos, de 22, também formados pelo Programa Embaixadores da Juventude, participaram da sexta edição da Conferência.

Para informações à imprensa:

Rodrigo Araujo – ponto focal de juventude do UNODC no Brasil
rodrigo.araujo@un.org
(61) 99847-1005

 
Posted: 26 Jan 2018 05:59 AM PST
Mulheres palestinas caminham próximo ao muro construído por Israel na região, perto de Ramallah, na Cisjordânia. Foto: IRIN/Shabtai Gold
Mulheres palestinas caminham próximo ao muro construído por Israel na região, perto de Ramala, na Cisjordânia. Foto: IRIN/Shabtai Gold
As Nações Unidas, o Conselho de Segurança e toda a comunidade internacional desenvolveram uma tendência de “gerenciar, em vez de resolver” concretamente o conflito entre Israel e Palestina. A avaliação é do enviado da ONU para o processo de paz no Oriente Médio, Nickolay Mladenov, que criticou na quinta-feira (25) a paralisia do atores.
“Vinte e cinco anos depois dos Acordos de Oslo, estamos em um momento crítico do processo de paz”, informou Mladenov a representantes dos Estados-membros em pronunciamento no Conselho de Segurança.
Segundo o dirigente, a dificuldade em implementar o marco de negociação teve um preço alto: violência e insegurança contínuas; a estratégia israelense sempre em expansão de construir assentamentos ilegais; divisões políticas entre palestinos; e uma situação insustentável, cada vez pior, na Gaza controlada pelo Hamas. Somadas, essas circunstâncias “assassinam a esperança, plantam frustração e aumentam a radicalização no terreno”.
Em sua análise, Mladenov explicou que “a incerteza do atual contexto está endurecendo posições e afiando a retórica por todos os lados”.Trata-se de “uma situação que acaba favorecendo diretamente os extremistas e que eleva o risco de outro conflito”.
Mladenov defendeu que a comunidade internacional precisa continuar promovendo as condições necessárias à retomada das negociações. “Também temos de reafirmar o consenso internacional de que a a solução de dois Estados continua sendo a única opção viável para um fim justo e duradouro para o conflito. Temos de ser firmes nessa questão.”
A solução de dois Estados prevê que Israel e Palestina se consolidem como dois países separados, vivendo lado a lado, em paz, segurança e reconhecimento mútuo.
Mladenov acrescentou que existem os que acreditam que o conflito pode ser resolvido através de negociações e compromissos bilaterais pacíficos, com decisões sobre o status final das fronteiras, refugiados e Jerusalém sendo tomadas com base em acordos e resoluções anteriores da ONU; outros apostam em manobras unilaterais que só podem levar a uma realidade de um Estado, um cenário incompatível com as aspirações dos dois povos. E há os que creem na violência.
“Nós — as Nações Unidas, o Conselho de Segurança, a comunidade internacional —, temos a responsabilidade em provar que os que acreditam na violência e conflito estão errados”, enfatizou o enviado.
Mladenov reiterou que “agora não é a hora de desistir de Oslo”. “A alternativa não é um acordo melhor, mas uma piora da realidade de ocupação e humilhação”, ressaltou.
 
Posted: 26 Jan 2018 05:04 AM PST
Crianças em campo para deslocados internos em Kivu do Norte, na República Democrática do Congo. Foto: OCHA/Naomi Frerotte
Crianças em campo para deslocados internos em Kivu do Norte, na República Democrática do Congo. Foto: OCHA/Naomi Frerotte
Mais de 800 mil crianças do leste da República Democrática do Congo tiveram de deixar seus lares devido a confrontos armados. O número foi divulgado nesta semana (25) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), que descreveu a situação como “uma das piores crises de deslocamento forçado do mundo” para meninos e meninas. Agência da ONU e parceiros já identificaram mais de 800 casos de abuso sexual contra menores.
Nas províncias de Tanganyika e Kivu do Sul, a violência entre etnias distintas, somada aos conflitos entre o exército nacional e milícias, já deixou cerca de 1,3 milhão de pessoas em situação de deslocamento forçado. Dados recentes coletados pelo UNICEF revelam que, ao longo do ano passado, mais de 3 mil crianças foram recrutadas como soldados por grupos armados.
Também em 2017, os dois departamentos registraram cerca de 18 mil ocorrências suspeitas de cólera — o dobro do identificado em 2016 — e 18 mil casos de sarampo. Nos províncias, muitos centros de saúde deixaram de funcionar.
“Centenas de milhares de crianças na região não têm mais acesso a cuidados médicos ou educação. Outras sofreram atrocidades nas mãos dos combatentes”, afirmou o diretor interino do UNICEF no país, Tajudeen Oyewale.
A violência também impediu que congoleses do leste do país trabalhassem em suas plantações — o que agrava o risco de má nutrição entre milhares de meninos e meninas.

UNICEF precisa de US$ 65 mi

Em resposta à situação no Kivu do Sul e Tanganyika, a agência da ONU está levando assistência para as crianças deslocadas. Serviços incluem tratamento médico e prevenção contra a cólera; vacinação contra o sarampo; apoio nutricional; e assistência psicossocial para os menores afetados pela violência e também para os que ficaram feridos ou estão desacompanhados.
Para implementar e manter programas de ajuda humanitária pelos próximos seis meses, o UNICEF lançou um apelo por 65 milhões de dólares. “Trata-se de uma situação brutal para crianças, sem um fim à vista”, enfatizou Oyewale.
 
Posted: 26 Jan 2018 04:23 AM PST
Uma menina olha da janela da sua casa em Bengazi, Líbia. Foto: UNSMIL
Uma menina olha da janela da sua casa em Bengazi, Líbia. Foto: UNSMIL
Para cobrir as necessidades básicas de 940 mil pessoas na Líbia, o Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) e instituições parceiras lançaram na quinta-feira (25) um apelo financeiro por 313 milhões de dólares. Montante será utilizado para levar assistência e proteção a populações vulneráveis. País vive prolongada crise política e conflito armado.
Após a queda de Muamar Kadafi em 2011 e a contestação dos resultados das eleições de 2014, a Líbia virou palco de confrontos internos entre facções rivais e diferentes entidades armadas. A atual crise humanitária é fruto da instabilidade política e do que a ONU vê como “um vácuo de governança”, que levou ao colapso das instituições no país.
“Em meus encontros com homens, mulheres e crianças líbios, vejo pessoas que querem se sentir seguras, ter seus direitos protegidos e saber que elas não precisam viver um dia de cada vez”, afirmou a coordenadora humanitária da ONU no país, Maria Ribeiro. “As dificuldades que o povo na Líbia enfrenta para satisfazer suas necessidades básicas são reais, e precisamos todos ter consciência do custo da falta de ação.”
O apelo humanitário financiará a implementação de 71 projetos por 22 organizações, entre elas, agências da ONU e organismos não governamentais nacionais e internacionais. Iniciativas visam melhorar condições de vida e levar serviços para pessoas internamente deslocadas, cidadãos que estão retornando para suas comunidades e outros líbios e estrangeiros em situação de risco, como migrantes, refugiados e solicitantes de refúgio.
Os recursos também fortalecerão as capacidades das famílias em lidar com as pressões prolongadas do cenário de instabilidade, fragmentação e crise econômica.
 
Posted: 26 Jan 2018 03:46 AM PST
Vacina contra a febre amarela. Foto: EBC
Vacina contra a febre amarela. Foto: EBC
O Brasil começou nesta semana (25) sua campanha de imunização com doses fracionadas da vacina contra febre amarela. A iniciativa acontece em 69 municípios dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Bahia também participará do programa, mas só começará ações em fevereiro. O plano de vacinação brasileiro foi elaborado com a participação da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS). Esta será a maior campanha do mundo com vacinas fracionadas da doença.
Ao todo, 23,8 milhões de pessoas deverão ser vacinadas nos municípios que adotarão a estratégia de fracionamento. Em São Paulo, a expectativa é vacinar cerca de 10,3 milhões de pessoas e, no Rio, um total de 10 milhões. O estado da Bahia, que inicia a vacinação em oito municípios no dia 19 de fevereiro, terá público-alvo de 3,3 milhões de pessoas.
Segundo a OPAS, o fracionamento de doses é uma forma de “esticar” o suprimento de vacinas, protegendo mais pessoas e diminuindo a possibilidade de propagação da doença. Um quinto da dose regular da vacina da febre amarela dá imunidade contra a doença por pelo menos 12 meses — com probabilidade de que a proteção dure mais tempo.
As agências da ONU recomendam o uso de doses fracionadas da imunização em resposta a necessidades eventuais de campanhas de larga escala. Essa medida não tem a intenção de servir como estratégia de longo prazo nem de substituir as práticas de imunização de rotina.
No âmbito dessa estratégia, crianças de nove meses a dois anos de idade, pessoas com condições clínicas especiais, entre outros grupos, receberão as doses padrão da vacina.
A OPAS e a OMS têm dado amplo suporte ao governo do Brasil e aos estados na resposta aos surtos de febre amarela ocorridos desde o ano passado.
Entre as medidas já implementadas pelos organismos das Nações Unidas, estão o envio de vacinas contra a doença; a compra pelo Fundo Rotatório de seringas para doses fracionadas; a divulgação de recomendações baseadas nas melhores evidências científicas disponíveis; a aquisição de cartões de vacinação específicos para doses fracionadas, utilizando o mesmo modelo adotado em campanha da República Democrática do Congo; e o trabalho em campo, em conjunto com as autoridades nacionais e locais.
Em dezembro do ano passado, a pedido do Ministério da Saúde do Brasil, uma equipe formada por membros da OPAS, da Rede Mundial de Alerta e Resposta a Surtos (GOARN, na sigla em inglês) e da OMS organizou em Brasília um workshop para especialistas em controle de febre amarela. Formação abordou estratégias de vacinação durante possíveis surtos em grandes cidades, incluindo a técnica do fracionamento de doses.
Em 2017, mais de 20 profissionais foram enviados pelo organismo internacional à Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro para trabalhar no controle de mosquitos Aedes, minimizando o risco de transmissão urbana da doença. Especialistas participaram de análises de dados para desenvolver ações estratégicas, além de capacitar profissionais locais e auxiliar na pesquisa epidemiológica com pacientes infectados ou com suspeita de infecção. Consultores também deram assessoria para a atualização de guias e protocolos de atendimento.
Em 2018, equipes da OPAS já estiveram em Minas Gerais colaborando com a identificação de epizootias — mortes de macacos — por febre amarela. Esse trabalho, feito em apoio às autoridades nacionais e estaduais de saúde, permite analisar a circulação do vírus causador da doença e planejar melhor as estratégias de vacinação.
Além disso, especialistas da sede da OMS, em Genebra, na Suíça, e da sede da OPAS, em Washington D.C., nos Estados Unidos, estarão no Rio de Janeiro e em São Paulo durante os primeiros dias da campanha, para acompanhar de perto a vacinação com doses fracionadas e as atividades de vigilância.
A febre amarela é uma enfermidade hemorrágica viral aguda, transmitida por mosquitos infectados. Pode ser prevenida por uma vacina eficaz, segura e acessível. Atualmente, o Brasil é afetado apenas pela febre amarela silvestre – transmitida pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes. O último caso de febre amarela urbana registrado no Brasil ocorreu no ano de 1942.

Casos

De acordo com informações do Ministério da Saúde do Brasil, no período de monitoramento — de 1º de julho de 2017 a 23 de janeiro de 2018 —, foram confirmados 130 casos de febre amarela no país, dos quais 53 resultaram em mortes.
No ano passado, de julho de 2016 a 23 janeiro de 2017, foram 381 casos confirmados e 127 óbitos. Os informes de febre amarela do Brasil seguem a sazonalidade da doença, que acontece, principalmente, no verão — geralmente com aumento de casos de dezembro a maio.
Desde 2017, o Ministério da Saúde encaminhou às unidades federativas aproximadamente 57,4 milhões de doses da vacina.

Vacinação de rotina

No Brasil, a vacinação para febre amarela é ofertada rotineiramente nos municípios, com recomendação de vacinação nos seguintes estados: Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia, Maranhão, Piauí, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
As pessoas que vivem nesses locais, desde que não apresentem contraindicações, são orientadas pelas autoridades nacionais e locais a tomar uma dose padrão da vacina, para estarem protegidas durante toda a vida.
 
Posted: 25 Jan 2018 01:11 PM PST
Oficiais da Missão da ONU na República Democrática do Congo fazem patrulha na selva. Foto: ONU/Sylvain Liecht
Oficiais da Missão da ONU na República Democrática do Congo fazem patrulha na selva. Foto: ONU/Sylvain Liecht
Um relatório das Nações Unidas, coordenado pelo general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz, recomenda mudanças de mentalidade dos oficiais de missões de paz, que devem abandonar postura excessivamente defensiva e responder com uso da força, quando necessário. Publicação foi divulgada após ano de recordes de violência contra a ONU — 2017 viu 56 capacetes-azuis morrerem em serviço, o número mais alto já registrado para um ano.
Desde 1948, mais de 3,5 mil funcionários de missões de paz perderam suas vidas no trabalho. Desses óbitos, 943 foram causados por atos violentos. Desde 2013, houve um recrudescimento de ataques fatais contra militares, com 195 mortes — outro recorde, pois nunca antes num período de cinco anos havia sido contabilizado um número tão grande de falecimentos por violência.
Divulgado nesta semana (22), o levantamento elaborado por Santos Cruz identifica quatro áreas que precisam de intervenções. A primeira delas é o comportamento dos oficiais, que precisam “estar conscientes dos riscos e devem ser habilitados para tomar a iniciativa de deter, prevenir e responder a ataques”.

Infelizmente, grupos hostis
não entendem outra língua que
não seja a da força.

Ajustar a postura dos contingentes é uma resposta às mudanças das táticas dos próprios grupos armados com os quais as missões de paz têm de lidar — uma das principais causas do aumento no número de vítimas, segundo o oficial brasileiro. O relatório aponta que a bandeira e os símbolos da ONU não são mais uma garantia de proteção para quem serve ao organismo internacional.
“Infelizmente, grupos hostis não entendem outra língua que não seja a da força”, afirma o relatório, elaborado a partir de uma visita de 45 dias de Santos Cruz e outros dois oficiais de alto-escalão às operações da ONU na República Democrática do Congo, na República Centro-Africana, no Mali e no Sudão do Sul. Equipe, escolhida pelo secretário-geral da ONU, conduziu 160 entrevistas com oficiais no terreno.
Segundo a análise, militares ainda agem seguindo um protocolo que prevê poucas ou quase nenhuma ameaça hostil às equipes. Isso leva à condução de manobras militares que não consideram adequadamente os riscos. Quando se veem em situações de confronto, as tropas acabam adotando uma postura defensiva que, ao menor ataque de inimigos, fragiliza a iniciativa e a liberdade de movimento.
O relatório defende uma postura mais proativa das missões, com o fim de combater riscos, por meio, por exemplo, de ações para controlar e desmantelar estruturas de forças hostis ou para prender, com rapidez, os responsáveis por ataques.
“Ter treinamento intenso, equipamento e formações e, principalmente a iniciativa do pessoal. As Nações Unidas, os militares e os civis e os policiais atuando na Organização não podem dar chance para que criminosos utilizem a violência contra as instalações e o pessoal da ONU. É esse o ponto que eu gostaria de destacar”, disse Santos Cruz.
A segunda área que precisa ser aprimorada é a capacitação das missões, de modo a garantir que as operações tenham equipamentos e os oficiais sejam treinados para atuar em ambientes de alto risco. Santos Cruz chamou atenção também para a necessidade de formações especializadas, além do treinamento básico padronizado que já é oferecido pelos países contribuintes.
“Esse treinamento precisa, muitas vezes, ser reforçado no terreno para uma adaptação específica àquelas situações. Por exemplo, a tropa que vai para o Mali precisa se especializar muito bem na parte de proteção de comboios e de explosivos improvisados e minas. Já outras tropas, como na República Centro-Africana e (na República Democrática do) Congo, é necessário um combate especializado em área de selva”, explicou.
As outras questões críticas para reduzir o impacto da violência contra missões de paz são o estabelecimento de áreas sensíveis a riscos, que funcionem como marcos para a atuação das tropas em acordo com limites de exposição a ameaçadas; e o fortalecimento das medidas de responsabilização dos criminosos.
Carlos Santos Cruz chefiou a Missão da ONU no Haiti (MINUSTAH) de 2007 a 2009 e a Missão da ONU na República Democrática do Congo (MONUSCO) de 2013 a 2015.
Após a divulgação do relatório, o chefe de operações de paz da ONU, Jean-Pierre Lacroix, reconheceu a necessidade de adaptações. “Estamos sendo atacados por grupos armados que estão saqueando, matando e estuprando e que não têm qualquer interesse em uma solução pacífica”, afirmou. Dirigente também apontou para a necessidade de implementação de regras operacionais nem sempre observadas pelas missões.
Acesse o relatório na íntegra clicando aqui.
Assista abaixo a uma entrevista com o chefe de operações de paz da ONU, Jean-Pierre Lacroix:

 
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