Vaticano faz em Manaus reunião preparatória para Sínodo da Amazônia, criticado por governo Bolsonaro
Por RFI

A Igreja católica está preocupada com a preservação do planeta e organiza a partir desta quinta-feira (7) duas reuniões para discutir o desenvolvimento sustentável. A primeira começou nesta manhã no Vaticano e vai durar até 9 de março. A segunda acontece em Manaus e é uma reunião preparatória para Sínodo da Amazônia, previsto para outubro e que provoca polêmica com o governo Bolsonaro.
Gina Marques, correspondente da RFI em Roma
A conferência no Vaticano “As religiões e os objetivos do desenvolvimento sustentável: ouvir o grito da terra e dos pobres” propõe um diálogo inter-religioso para estabelecer objetivos de como ajudar a salvar o meio ambiente. Participam representantes da Organização das Nações Unidas para e Agricultura e Alimentação (FAO), além de religiosos da Comissão Justiça, Paz e Integridade da Criação entre outros. A finalidade é reforçar o empenho das religiões e o envolvimento da sociedade civil na preservação do meio ambiente.
Em Manaus, ocorre o seminário de preparação para Sínodo da Amazônia previsto para outubro. O tema central dos dois dias de debates, abertos ao público, é a preservação ambiental da Amazônia.
As duas reuniões recordam a encíclica do papa Francisco Laudato si', na qual ele critica o consumismo e desenvolvimento irresponsável e faz um apelo à mudança e à unificação global das ações para combater a degradação ambiental e as alterações climáticas.
Críticas do governo brasileiro
Recentemente o governo brasileiro criou polêmica com a realização do Sínodo da Amazônia. O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, disse em fevereiro que ONGs estrangeiras e chefes de Estado de outros países não devem dar "palpite" na Amazônia brasileira.
Não houve um comunicado oficial do Vaticano respondendo ao governo do Brasil. A Santa Sé não entra neste tipo de polêmica. Já o bispo de Marajó, no Pará, dom Evaristo Spengler, afirmou que não cabe ao governo brasileiro monitorar os debates da Igreja. Segundo ele, a igreja “não é neutra”, o que não significa que tenha partido. Dom Evaristo declarou que “a igreja está do lado dos mais fracos, dos mais pobres, dos ribeirinhos e dos indígenas”.
O bispo criticou também os interesses econômicos do governo brasileiro. De acordo com ele, existem dois modelos de desenvolvimento: o sustentável e o predatório. Sobre o Brasil, ele falou que “estão incentivando um modelo predatório, que extrai as riquezas da floresta e deixa a população na pobreza”. Além disso, o governo brasileiro “quer construir hidrelétricas, abrir rodovias e permitir o avanço do agronegócio e das mineradoras”.
Vale lembrar que o papa Francisco anunciou o seminário em 2017, muito antes da eleição de Jair Bolsonaro. O Sínodo da Amazônia vai ocorrer de 6 a 27 de outubro deste ano. O Sínodo da Amazônia preocupa o governo de Bolsonaro, que teme que suas políticas contra a demarcação de terras indígenas e ONGs que combatem as mudanças climáticas sejam questionadas durante o encontro.
Preparativos para o Sínodo da Amazônia
Na semana passada, o Vaticano já havia organizado em Roma um seminário preparatório para o Sínodo de outubro. Foram três dias de debates sobre a Amazônia que contaram com a participação do cardeal Cláudio Hummes, que é presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica, e do bispo de Marajó, Dom Evaristo Spengler. O Sínodo é para a Amazônia, mas sua preservação ou destruição tem repercussão mundial.
Nove países compartilham a Pan-Amazônia: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa. Nesta região, importante fonte de oxigênio para toda a Terra, concentra-se mais de um terço das florestas primárias do mundo. É uma das maiores reservas de biodiversidade do planeta, abrigando 20% da água doce não congelada.
Neste imenso território vivem cerca de 34 milhões de pessoas, das quais mais de 3 milhões são indígenas, pertencentes a mais de 390 grupos étnicos. Povos e culturas diferentes como afrodescendentes, camponeses, colonos, vivem em uma relação vital com a vegetação e as águas dos rios.
Sobre o mesmo assunto

A SEMANA NA IMPRENSA
Briga por terras indígenas no Brasil esconde catástrofe ecológica na Amazônia
BRASIL/AMAZÔNIA/BOLSONARO
Ação de Bolsonaro na Amazônia poderá ser considerada crime contra a humanidade, alertam advogados franceses
ENTREVISTA/PRESIDENTE DA COLÔMBIA
Presidente da Colômbia quer “compartilhar diplomacia ambiental na Amazônia com Bolsonaro”
MEIO AMBIENTE
"Bolsonaro teme que combate ao aquecimento global tire soberania brasileira da Amazônia", diz especialista
Arquivos
- 1
- 2
- 3
- ...
- seguinte >
- último >

Direita Europeia avalia expulsar partido xenófobo de Viktor Orbán
Enquanto a Hungria do ultranacionalista Viktor Orbán faz uma intensa campanha anti-Bruxelas, a maior bancada do Parlamento Europeu pensa pela primeira vez em excluir …
China corta impostos e anuncia "batalha" para combater desaceleração da economia
O governo chinês anunciou nesta terça-feira (5) uma meta de crescimento do PIB de 6% a 6,5% para este ano. Para lutar contra a desaceleração …
Venezuela: manifestações marcam retorno de Guaidó, que pode ser preso
A partir das 11h desta segunda-feira (4) de carnaval os venezuelanos voltam às ruas de várias cidades da Venezuela em apoio à convocação …
Mostra em Berlim reconstrói cidades históricas sírias destruídas pela guerra
A exposição, inaugurada nesta quinta-feira (28), mostra lugares históricos da Síria destruídos pela guerra civil. O projeto inclui …
Para democratas, depoimento de Cohen pode levar a impeachment de Trump
Depois de chamar o presidente americano de bandido e racista em depoimento ao Congresso americano nessa quarta-feira, Michael Cohen, ex-advogado de Donald Trump, vai …
Resultado de nova cúpula entre Trump e Kim Jong-un é imprevisível
O primeiro dia da cúpula entre o presidente americano Donald Trump e o líder norte-coreano Kim Jong-un acontece nesta quarta-feira (27) em Hanói, …
- 1
- 2
- 3
- ...
- seguinte >
- último >
Programas
Ao continuar na site aceita a utilização de cookies ou tecnologias semelhantes para medir a audiência e propor-lhe funções sociais, conteúdo e publicidades eventualmente personalizadas.
OK, eu aceito


Nenhum comentário:
Postar um comentário